sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Estudantes exigem demisssão da ministra

Dirigentes de associações de estudantes do secundário exigiram hoje a demissão da ministra da Educação durante uma vigília frente ao ministério, onde entregaram um abaixo-assinado com mais de 10 mil assinaturas contra o estatuto do aluno e o modelo de gestão das escolas.
As 10.150 assinaturas entregues hoje no Ministério foram recolhidas em cerca de 50 escolas de Norte a Sul do país, disse Luís Baptista, porta-voz da autodenominada Plataforma Estudantil "Directores Não!", considerando este o "maior abaixo-assinado estudantil de que há memória".

No ministério, representantes da plataforma foram recebidos por um assessor que apenas tinha poder de receber as assinaturas, disse Luís Baptista. "Estamos muito decepcionados. Enviámos na semana passada uma carta registada à senhora ministra a pedir para sermos recebidos e nem a senhora ministra, nem um secretário de Estado nem um chefe de gabinete a quem pudéssemos apresentar as nossas razões. Mais uma vez não foi possível dialogar", acrescentou.

Frente ao ministério, durante a manhã, cerca de cinquenta estudantes realizaram uma vigília simbólica de 10.000 segundos, "um segundo por cada aluno prejudicado pela actual política educativa", e consideraram que já não é possível dialogar nem mudar nada com esta ministra da Educação.

"Portanto, a única solução é exigir a demissão da ministra da Educação", disse Luís Baptista, salientando que o abaixo-assinado pede isso mesmo e acrescenta que não basta a saída de Maria de Lurdes Rodrigues. "O próximo [ministro] que venha tem de se sentar à mesa com as associações de estudantes para ouvir as nossas propostas", salientou.

"Somos contra o fim da gestão colegial e o início da gestão de uma só pessoa, de um só director", afirmou Luís Baptista, considerando que o novo modelo de gestão das escolas "é pouco democrático", já que antes as direcções das escolas "eram eleitas pelos professores, pais e alunos".

"A possibilidade do ministério da Educação e da senhora ministra poder demitir as direcções das escolas, se assim o quiser, parece-nos que é o elo de ligação que faltava entre o Governo e as direcções das escolas. Um director não concorda com a política educativa e basta para isso a senhora ministra fazer um papel e pode demiti-lo", declarou.

Os estudantes continuam a contestar o novo Estatuto do Aluno, apesar do despacho do ministério que esclareceu o regime de faltas. "A ministra veio dar um esclarecimento de que a partir de agora, se for por doença, as faltas passam a não contar para chumbar", mas "relativamente às faltas justificadas, sobre elas não deve pesar qualquer penalização, porque se uma falta é justificada é porque houve um motivo, uma justificação oficial", afirmou.
Dirigentes de várias associações de estudantes vão reunir-se na próxima segunda-feira para decidir sobre a adopção de novas formas de luta e criação de uma plataforma nacional de estudantes do secundário.
Fonte: in Sentido das Letras; 16/01/2009

Sem comentários: